segunda-feira, 1 de março de 2010

Alcoolismo

Os problemas ligados ao álcool têm vindo a assumir uma gravidade crescente.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), há cerca de 2.000 milhões de pessoas em todo o mundo que consomem regularmente bebidas alcoólicas.
No ano 2000, o consumo de álcool era responsável por quatro por cento da morbilidade a nível mundial, apenas inferior à associada ao tabagismo (4,1 por cento) e à hipertensão arterial. A OMS estima que, nesse ano, o alcoolismo tenha causado 1,8 milhões de mortes, o que corresponde a 3,2 por cento do total.
O consumo de álcool contribui mais do que qualquer outro factor de risco para a ocorrência de traumatismos, incapacidade prematura e morte nos países em desenvolvimento com baixa mortalidade. Relaciona-se com o surgimento e/ou desenvolvimento de numerosos problemas ou patologias agudas e crónicas de carácter físico, psicológico e social, constituindo, por isso, um importante problema de saúde pública.
A longo prazo, o consumo de grandes quantidades de bebidas alcoólicas – sobretudo se estiver associado a um mau estado nutricional – pode acarretar danos permanentes em órgãos vitais como o cérebro, o coração e o fígado.

Como se define um alcoólico?
De acordo com a OMS, o alcoólico é todo o indivíduo a quem o consumo excessivo de álcool afecta o estado físico, a sua economia e o seu ambiente familiar e social.

O que é o alcoolismo?
O alcoolismo ou dependência de álcool é uma doença, frequentemente crónica e progressiva, que se caracteriza pelo consumo regular e contínuo de bebidas alcoólicas, apesar de recorrência repetida de problemas relacionados com o álcool.
Como é que o álcool interfere no metabolismo?
O álcool é rapidamente absorvido pelo estômago e pelo intestino delgado. A presença de alimentos no estômago retarda a absorção do álcool neste órgão, mas o mesmo já não acontece em relação ao intestino, onde a absorção é muito mais rápida. Cerca de 30 a 90 minutos depois de ingerido, o álcool começa a ser absorvido pelo sangue (a velocidade desta absorção depende do teor e do grau de concentração de álcool da bebida ingerida) e a espalhar-se rapidamente através dos vasos sanguíneos, atingindo o coração, pulmões, rins e cérebro e todas as restantes partes do corpo.
A metabolização do álcool ocorre sobretudo no fígado, pela acção da enzima ADH. Quando o consumo é muito elevado ou frequente, ocorrem alterações no sistema enzimático.
Os rins, os pulmões e a pele são os principais órgãos de excreção do álcool.


Quais são os factores de risco de alcoolismo?
Nos adultos:

  • Antecedentes pessoais e história familiar relacionada com o alcoolismo. Está cientificamente demonstrado que há uma tendência genética, embora não necessariamente hereditária;

  • Ambiente sociocultural. A integração em famílias ou em meios sociais propensos ao consumo de álcool (inclusive por questões laborais – ter de frequentar festas, reuniões sociais, etc.), aumenta o risco do indivíduo consumir e vir a tornar-se dependente do álcool;

  • Situações imprevisíveis de rotura na vida quotidiana;

  • Distúrbios emocionais – pessoas deprimidas ou ansiosas têm maior propensão a criar dependência de substâncias psicoactivas, como o álcool, tabaco, entre outras.
Nos adolescentes:

  • Conflitos entre os pais, divórcio, separação ou abandono, de um ou de ambos os progenitores; 

  • História de hiperactividade na infância;

  • Dificuldades de adaptação à escola;

  • Dificuldades de aprendizagem.
 Como é que se fica dependente do álcool?
 O processo de dependência do álcool desenvolve-se como o de qualquer outra dependência, como por exemplo em relação ao tabaco, às drogas e outras substâncias psicoactivas.
Começa-se por experimentar beber, depois bebe-se pontualmente e daí passa-se a beber com regularidade, até criar dependência. Para algumas pessoas é um processo relativamente rápido.
É, porém, importante distinguir um problema de alcoolismo de uma bebedeira ocasional. Até porque algumas pessoas ficam embriagadas (intoxicação) com a ingestão de doses muito pequenas de bebidas alcoólicas.
 Quais são os sintomas do alcoolismo?
Há três factores importantes na identificação e configuração dos hábitos de bebida da pessoa: o volume de álcool ingerido durante um período de tempo, o volume de álcool ingerido numa só ocasião e as circunstâncias e contextos em que bebe.

  • Sentir grande necessidade de beber bebidas alcoólicas;

  • Incapacidade para parar de beber em determinada ocasião;

  • Síndroma da dependência;

  • Tolerância ao álcool. 
Deve enfatizar-se também que alguns dos sintomas que caracterizam um alcoólico em fase inicial são normalmente percebidos primeiro pelos seus familiares, amigos e colegas de trabalho. Deve, pois, estar atento aos seguintes comportamentos e sintomas:
Beber muito em ocasiões sociais;

  •  Amnésia ou blackouts frequentes – quando, no dia a seguir, acorda sem nenhuma memória ou recordação da noite anterior ou de ter ingerido álcool em excesso; 

  •  Se utiliza subterfúgios para esconder a bebida alcoólica, como usar garrafas ou embalagens de bebidas não alcoólicas ou esconder as garrafas para que ninguém à volta perceba; ~

  • Irritação e agressividade acompanhadas com declarações de rejeição da dependência da bebida ou mesmo que deixou de beber de uma vez por todas; 

  • Medo, comportamentos obsessivos, sentimento de conspiração contra a sua pessoa; 

  • Cansaço, insónias, disfunções sexuais, depressão, ansiedade estão muitas vezes ligados a problemas com o álcool, designadamente com o abuso ou dependência;
Quais são as consequências, físicas e mentais, da dependência severa do álcool?
Dependem da duração da dependência e das quantidades de álcool ingeridas. As pessoas com dependência severa do álcool podem padecer de:

  • Depressão, ansiedade;

  • Danos cerebrais, com um quadro demencial progressivo; 

  • Alucinações; 

  • Desnutrição; 

  • Insuficiência hepática; 

  • Pancreatite crónica ou crises de pancreatite aguda; 

  • Insuficiência renal; 

  • Gastrites; 

  • Ulcera péptica (gástrica ou duodeno); 

  • Esofagites; 

  • Hepatite alcoólica; 

  • Cirrose hepática; 

  • Hipertensão; 

  • Síndroma de abstinência;

  • Síndroma de Wernicke; 

  • Síndroma de Korsakov; 

  • Tuberculose e pneumonia de origem bacteriana; 

  • Nos fumadores, verifica-se maior prevalência de bronquite crónica, de enfisema e de doença pulmonar obstrutiva crónica;

  • Anemia.
  
O que é a síndroma da abstinência?
É uma consequência da interrupção ou redução súbita do consumo excessivo de álcool. Resulta das alterações que ocorrem no sistema nervoso central pela activação excessiva do sistema neurovegetativo.
Esta síndroma caracteriza-se, fundamentalmente, pela ocorrência de ansiedade, irritabilidade, tremores, suores, náuseas, aumento da pulsação cardíaca, taquicardia, insónia, febre, entre outros sintomas.
Em geral, os primeiros sintomas da abstinência ocorrem durante as 24 horas que se seguem à última bebida ingerida. O pico é atingido entre as 36 e as 48 horas depois e, a partir daí, os sintomas começam a decrescer, acabando, em média, ao final de cerca de cinco dias.
Nas situações mais severas, o indivíduo pode ter convulsões, alucinações e entrar em delirium tremens.

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